Quarentena: Vamos superar (2)

O Brasil perdeu o segundo ministro da saúde em plena pandemia; Ricardo Teich nem esquentou a cadeira.

Escrito por Boécio Vidal Lannes, 18 de Maio às 16h46 

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Fiquei matutando até encontrar um gancho para começar este texto. Optei por uma frase muito oportuna de uma criança de apenas cinco anos. O desabafo é do nosso netinho Bruno: “Estou cheio desse coronavírus. Matou meu avô Gaúcho, agora só falta matar minha avó Evinha e meu pai”, disse ele para a mãe Adla Fernanda e para a avó Márcia, aqui no nosso quintal. Ontem, Bruno pediu a uma estrela cadente que ela trouxesse seu avô de volta. Com seu jeitinho todo carioca, emendou: “Já deu!”

A exemplo do Bruno, o isolamento tem deixado todo mundo melancólico. Nas tevês, somos bombardeados diuturnamente por noticiários sobre o vírus. Não que isso seja um problema. As mortes devem permanecer nas manchetes para que o presidente Jair Bolsonaro e seus generais saibam que a bagunça na saúde tem um culpado: o governo federal.

Na última quinta-feira, William Bonner anunciou um novo cenário para o Jornal Nacional. No lugar da ilustração do próprio vírus, o JN passou a publicar as fotos dos milhares de cidadãos que perderam suas vidas para a Covid-19. Uma bonita forma de homenagear esses brasileiros.

Pausa necessária – O povo quer saber o paradeiro da minha sogra. Dona Aidiu, 89 anos, está levando a vida lá na favela dela. Fugiu do cativeiro aqui de casa no dia 1º de maio, e não mais precisa dar satisfação a ninguém.

Para piorar a situação, o Brasil perdeu o segundo ministro da saúde em plena pandemia. Ricardo Teich nem esquentou a cadeira. Ficou no cargo somente 29 dias e deixou a pasta bem caladinho. Com cara de cachorro que caiu da mudança, o médico carioca ganhou centenas de memes na internet.

O falante Luiz Henrique Mandetta, seu antecessor, foi chutado do ministério pelo presidente, que não aguentava mais suas frases de efeito nas coletivas de imprensa. Mandetta realmente falava bonito. E só. Não comprou respiradores, remédios nem EPIs para os 2,6 milhões de profissionais de saúde que estão na linha de frente.

De acordo com o repórter Ricardo Kotscho, que escreve no UOL, Teich caiu por não seguir as recomendações do agora “Dr. Bolsonaro”, que quer receitar cloroquina para geral. O jornalista questiona: “Quem será o maluco que aceitará um convite do presidente aloprado, agora metido a médico e a chefe da PF, para ser o ministro da saúde?”

Thaís Oyama, comentarista da Rádio Jovem Pan, segue o mesmo raciocínio de Kotscho. Ao comentar a saída do ministro, ela ressaltou que Jair Bolsonaro “trocou a roda com o carro andando” sem respeitar os mais de 16 mil brasileiros mortos pelo Covid-19.

Nesta crise, pautas sobre solidariedade têm sido recorrente na TV. Uma menina de nove virou notícia no RJTV. Ela e a mãe pediam ajuda numa esquina do Recreio dos Bandeirantes, bairro de classe alta no Rio de Janeiro. A menina Ana Julia carregava um cartaz que informava que ela estava trocando uma máscara por alimentos. Um empresário fotografou a pequena e a foto viralizou na web. A partir daí, várias pessoas do bairro foram ao local para doar alimentos.

Peste negra: Na Idade Média, médicos usavam um bico no qual depositavam uma mistura com 50 ervas; assim acreditavam que matariam o vírus caso ele fosse inalado.

Registros de quarentena

A Peste Negra ou Peste Bubônica

A Peste Negra ou Peste Bubônica foi a doença mais devastadora registada na história humana, tendo matado até 200 milhões de pessoas entre os anos de 1347 e 1351. A Europa demorou cerca de 200 anos para recuperar o nível da população original, e a cidade de Florença se recuperou apenas no século XIX. A praga retornou várias vezes como surtos até o início do século XX. A Peste Bubônica pode ser transmitida através de pulgas e outros mamíferos infectados pela bactéria Yersinia pestis como cães da pradaria, esquilos, ratos e coelhos. Humanos adquirem a doença quando são mordidos por uma pulga infectada ou quando se alimentam desses animais.

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